No decorrer dos seus 26 anos de história, o emprego público no Estado do Tocantins tem sido a principal ocupação da população. Levando em consideração a falta de uma política de industrialização, a situação chegou ao ponto que o inchaço da folha de pagamento, somadas as dívidas, fez com o Tocantins fechasse 2014 com o segundo maior déficit orçamentário do País, conforme mostrou um levantamento publicado pelo jornal Folha de São Paulo.
Com as contas no vermelho, a válvula de escape defendido pelo Governo, desde a sua campanha eleitoral, é atrair indústrias e assim possa gerar riquezas, aumente a arrecadação e combata o desemprego, levando em consideração as boas perspectivas da logística e as potencialidades dos transportes hidroviário, ferroviário e rodoviário e as riquezas produzidas no agronegócio que, juntos, poderão ser agregados para melhorar o desempenho economia do Tocantins.
Para que este fortalecimento da indústria aconteça, a base está na qualificação da mão de obra local e, um dos meios, são as formações qualificadas, como exemplos os existentes no programa Jovem Aprendiz, previsto no artigo 429 da CLT, realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) , conforme aponta a consultora de mercado do Senai de Gurupi, Ellen Goveia da Silva.
“O Senai está pronto para atender a necessidade da indústria e nós atuamos na aprendizagem cumprindo a missão de contribuir com a competitividade da indústria. Para isso, o Senai oferta cursos pela gratuidade através da modalidade da aprendizagem industrial, onde empresas de grande porte, como a Cooperfrigu, são parceiras do Sistema Fieto”, explica a consultora. Ela lembra ainda que o critério básico é que o jovem deve está estudando ou concluído o Nível Médio e ter de 14 a 24 anos. Diz ainda que em casos como os frigoríficos é exigida idade mínima de 18 anos para participar dos cursos de Assistente de Produção Industrial ou de Assistente à Qualidade em Processos Industriais.
Os cursos têm mudado o futuro de muitos jovens que procuram a qualificação profissional para adentrarem no mercado de Trabalho. “No ano de 2012 eu fiz o curso de auxiliar de produção industrial e entrei na indústria como Jovem Aprendiz e iniciei trabalhando no controle de qualidade e, quando estava perto de terminar o meu contrato, eles me chamaram para trabalhar no escritório e estou aqui até hoje”, explica Jackeline Silva Castro, 22 anos. Ela trabalha durante o dia na Cooperativa dos Produtores de Carnes e Derivados de Gurupi (Cooperfrigu) e a noite cursa o 3º Período de Administração na Unopar.
Jackeline aproveitou a deixa para aconselhar os jovens sobre a importância dos cursos para que eles saiam da ociosidade e ocupem a mente. “Eu acho que os jovens têm que aproveitar os cursos de qualificação profissional para aprimorarem seus conhecimentos e não ficarem parados ociosos. Temos que buscar melhoria na vida e estes cursos são os primeiros passos para os jovens que não têm emprego ou uma profissão”, disse.
No ponto de vista do presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Carnes Bovinas, Suínas, Aves, Peixes e Derivados do Estado do Tocantins – (SINDICARNES), que também é presidente da Cooperfrigu, Oswaldo Stival Júnior, a parceria entre frigorífico e o Senai para a formação do aprendizado dos trabalhadores da indústria de carne acontece há mais de 12 anos, levando em consideração os 16 anos de atuação da Cooperfrigu em Gurupi.
“A Cooperfrigu gera diretamente 622 empregos diretos e 3.200 indiretos e hoje está em segundo lugar na exportação de carne industrializada, lembrando que o produto carne hoje no estado é líder em produtos industrializados para exportação do Tocantins. Diante disto, necessitamos de pessoas qualificadas e muitos jovens aprendizes que saíram do programa ocupam hoje lugar de liderança na Cooperfrigu”, lembra Oswaldo Stival.
Como é feita a Seleção
A Psicóloga Organizacional da Cooperfrigu, Márcia Resplandes da Silva, explica que existem critérios para os jovens participarem do programa, e, no caso da Cooperfrigu, exige idade entre 18 a 24 anos. “Eles devem procurar a Cooperfrigu onde irão passar por entrevista e, sendo selecionados, nós os encaminhamos para o Senai para fazer a matricula. Depois eles retornam para podermos inseri-los nos setores de vagas. Atualmente nós estamos com 22 jovens aprendizes”, disse a psicóloga.
A jovem Mayara Correia da Silva, 20 anos, faz parte da mais recente turma criada do curso de Assistente à Qualidade em Processos Industriais. No Senai ela tem aulas teóricas pela manhã e durante e no período da tarde segue para o Frigorífico, onde ela almoça e trabalha na desossa entre às 13h às 16h 30min. Como todo Jovem Aprendiz, ela recebe um salário mínimo para ajuda de custo e ainda terá a chance der ser efetiva pela empresa após os 12 meses do programa.
“Eu fui na empresa deixar o meu currículo e eles me aconselharam para vir ao SENAI para fazer o curso. Aqui tenho estudado questões financeiras, leis trabalhistas, produção e tudo que envolve a parte teórica dentro de uma empresa. Vejo que é uma ótima oportunidade para entrar no mercado de trabalho e quem tem interesse acaba ficando na empresa”, disse Mayara.
Káthia Sirlene Pereira Sousa Romalho, responsável pelo departamento de Recursos Humanos (RH) da Cooperfrigu, afirma que um número considerável de jovens que participam do programa são aproveitados pela indústria. “As pessoas chegam aqui crua em relação ao trabalho prático industrial e se tornam profissionais. Pelo menos 90% destas pessoas seguem trabalhando na empresa e passam a ter contratos celetistas por tempo indeterminado”, disse.
A responsável pelo RH, fez questão de lembrar o papel social do programa por reconhecer novos talentos e preparar os jovens para o futuro por meio de uma sintonia entre as empresas, o Sesi e a sociedade. “A nossa parceria com o Sesi, prevê que a ementa do curso aborde os nossos trabalhos como Higiene Sanitária, Tecnologia da Informação, bem como também noções da legislação do trabalho – que são ferramentas que preparam as pessoas tanto intelectualmente como oferecer oportunidade à prática do trabalho eficiente”, explica.
Outro exemplo de parceria na formação da aprendizagem industrial foi mostrado pelo trabalhador, Welder Araújo Brandão, 20 anos. Ele foi efetivado para trabalhar no escritória da empresa depois de participar do programa Jovem Aprendiz da turma do mês de agosto de 2013. “Estava procurando emprego e fiquei sabendo que a Cooperfrigu exigia participar do Jovem Aprendiz e eu como não tinha experiência para trabalhar fiz o processo seletivo, fui qualificado e peguei experiência. Me dei muito bem e tive a sorte de ficar na empresa. Hoje entro às 8h, saio às 17 e quando saio daqui já vou para a faculdade, onde curso o 4º período de Contabilidade”, disse.
Já a jovem Thainara Oliveira, 20 anos, também não esconde a satisfação de ter sido contratada pela Cooperfrigu após ter ter conseguido colocar na prática o que ela aprendeu na teoria. “Aprendemos a teoria no Senai e chegamos aqui colocamos na prática. Graças a Deus eu fui selecionada e já faz um ano que estou trabalhando aqui”, disse Thainara.
O gerente do setor de linha de produção de desossa do Frigorífico, Flávio Régis, responsável pelo acompanhamento de vários Jovens Aprendizes, dentre eles, Thainara Oliveira, avalia que o programa supri a necessidade da falta de qualidade da mão de obra.
“Todos os aprendizes que vêm para o frigorífico indicados pelo Senai se saem muito bem e nos ajuda muito, devido estarmos em uma região de grande carência, principalmente, na parte de qualificação profissional”, disse Flávio Régis.
Além da Cooperfrigu,o programa Jovem Aprendiz atua em parceria com diversas empresas, dentre elas o frigorífico Boi Brasil em Alvorada, JBS Couros, Grupo Décio, Celtins, Selvat, Nutribem e indústriaColorin Tintas.
Em Gurupi, outras informações sobre os cursos estão disponíveis no sitewww.senai-to.com.br , na unidade de Gurupi, na Vila Alagoana, ou por meio do telefone (63) 3311-1150.